segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

- O CAVALO

O cavalo



Depois da mulher o cavalo é o animal mais belo.
Neste momento estou cavalgando no mundo
Dos sonhos e das recordações,
Onde o cavalo é a poesia.
Trotando ou marchado ou, até mesmo,
Voando por montes e vales,
O cavalo acaba por nos levar à ribeira da saudade.

Este poema tanto mais belo ficará,
Quanto mais parecido for com o cavalo.
Meu cavalo da Fazenda São Manoel chamava-se “Passeio”.
A fala com ele significava o mesmo que as rédeas,
O afago com ele servia mais que a alegria.

Ah! Que saudades que dá na gente
Quando se acorda cedinho e escuta o galo cantar,
Vaca berrar e o “Passeio” relinchar.
Saudades do fogão de lenha que de longe
Se via a fumaça se perdendo no ar.
Daquele café gostoso do bule preto que a vovó Noca fazia,
No café da manhã a broa de milho com manteiga e pão com chimia.
Às vezes tinha até torresmo pra quem queria.

Quando parecia que a gente estava fumando
E ficando com lábios e bochechas vermelhos,
E voltar pra casa correndo
Depois de um passeio no “Passeio” com o Bidica,
Da Fazenda até a cidade.
Que saudades!

Ah! Como era bom num banquito se sentar
Na frente do fogão e comer canjiquinha
Ou mingau de couve até se esquentar.

Interessante este reavivar de lembranças
Ligadas ao meu passado e ao meu cavalo “Passeio”.
Experimentar palavras.

Meu “Passeio” não era o de Troia
Mas tinha a clareza de uma joia.
Tinha candura, era indefeso e manso.
Tinha porte altivo e impunha admiração e respeito.

Têm coisas que outros gostam e a gente não gosta:
Uma delas é cavalgada.
Gosto dos cavalos, mas hoje, não de cavalgadas,
A não ser nas ondas da minha imaginação.
Não há passado e nem há futuro,
Tudo que abarco se faz presente.

Nenhum comentário:

Postar um comentário