segunda-feira, 25 de abril de 2011

- Dança de salão

                      DANÇA DE SALÃO
Já fomos professores de Dança de Salão e estamos prestando uma homenagem a você como em um Túnel do tempo.
O dançarino tem um pouco de puma e de beija-flor.
Na dança de salão o homem tem uma série de obrigações,
Como cuidar da mulher, planejar o rumo, variar os passos,
Segurar com firmeza Fernandina, Marílias e Mariléias.
Segundo minha esposa, é o único lugar
Em que o cavalheiro manda de verdade.

Pra mim, cada movimento da dama é um verso,
Cada dança que fazemos, um poema.
Com o tempo a passar criamos uma poesia.
Estamos juntos como presos por uma algema.

Meu coração pulsa e dança
Porque não sei sentir sem ritmo
Como se os corpos estivessem cheios de magia.
O negócio é deixar a música entrar
E cada som pra nós se tornar uma melodia.

Vá girando e semeando leveza e amor,
Mais depressa que as voltas do mundo,
Pra que haja tempo de matar a dor!

Bailam bailarinos, bailam...
Tragam com vocês a primavera
Pra florir os campos, florescendo a terra,
Numa explosão de cores que sua dança encerra.

Mostra ao homem que o teu bailado
Expressa a vida nesse simples ato...
Onde o amor é tudo, onde o amor é nato.

Dançar é escrever com o corpo no espaço estendido à frente,
Alongar-se, encolher-se, rodopiar, inclinar-se.
Jogar-se em absoluta confiança no outro,
Depois de centenas de ensaios...

Dançar é interpretar com meneios e oscilações,
É tocar música com gestos
Onde seu corpo é o instrumento.
Onde seus pés ágeis e suas mãos-libélulas,
Seus pés ligeiros e suas mãos-borboletas,
Seus pés leves e suas mãos-colibris,
Escrevem versos no chão e no ar...

- Raízes


Imagem: casadatorre.org.br
Escavo a terra com a voz em pranto
Sulcando minhas raízes com as lágrimas que não choro.
Busco perpetuar os fatos acontecidos, portanto.
Procurando levar informaçõs para as geraçõs vindouras,
Compreendendo que, um dos grandes segredos de uma vida honrada,
É saber preservar as memórias dos antrepassados; desencanto!



O tempo leva tudo, mas as raízes permanecem.
O trem da vida queima toda lenha que encontra,
Porém a fuligem, depois de lançada ao ar,
Repousa em solo sagrado e fecundo.
Nele encontramos velhos e novos amigos.
Dentre os quais alguns acabaram de chegar,
Outros mudaram de vagão, muitos já desembarcaram.



Estou a procura de minhas raízes culturais e familiares
Observo pessoas observando as Raízes do Brasil,
Aquáticas, tuberosas, tabulares, aéreas, subterrâneas,
Quadradas, de samba, respiratórias, outras...
É importante estarmos bem onde formos plantados.
Quem lançou sementes pelo caminho, na certa criou raízes
Que unirão para sempre o solo em que pisou.



Não compreendo o silêncio das plantas.
Elas tão imponentes e tão importantes,
Eu falo demais e sou tão pequeno...
A vida é semelhante à água corrente.
Ela nunca flui para trás; procure raízes, ordeno!

Ensinar o caminho da felicidade aos filhos
É dar-lhes raízes e asas.
Raízes para que saibam onde é seu lar, seu aconchego.
Asas para voar e por em prática o que lhes ensinamos.



Fé, raízes, coisas do passado e despedidas...
Faz a gente viajar dentro de nós mesmos.
Ah, quantas lembranças, saudades, pessoas, momentos...
Que adianta ter um serviço gratuito para criar a minha
Árvore genealógica se não tenho informações corretas para inserir nela?



Pra mim, tão bom quanto "reencontrar minhas raízes",
É saber que elas estão pela aí também a me procurar.
Acho que ela têm cheiro da terra e noite de luar.
O importante é saber que podemos ser raízes a alguém presentear.

(Paródia sobre o assunto, de diversos autores, com o único escopo de levar cultura ao nosso povo)

quinta-feira, 21 de abril de 2011

- Amanhã é sábado



Este poema de sábado, havia sido fragmentado
Em palavras desconexas, lançadas num
Porão escuro da minha memória.
Lá estavam guardados seus verbos exaustos,
Antigos andarilhos em busca da poesia perfeita.
Aberto, estavam prontas para se refazerem em frases,
Dizerem sonhos de quando se dorme ou se faz acordado.
Oferecer-se-iam à métrica, vestiriam versos vivos,
Sairiam outra vez caminhantes
A fim de fazerem respirar o poema de sábado,
Outrora cansado de tanta solidão.




Este é o meu poema para animar o sábado,
Com novas cores, novas linhas entre os olhos e o horizonte.
O poema da minha alma e do meu sangue
E ainda nem sei se posso escrever sobre meu sábado.
Este poema circula em mim, são pedaços de mim.
Ele está por ai na cidade ou vadio no mato
Na voz do vento.




Sou feito de sonhos interrompidos, detalhes...
Apesar de muito viajar ainda sinto falta de
Lugares que não conheci,
Experiências que não vivi




Estou escrevendo sobre o sábado numa sexta-feira, 1º de abril.
Meu filho Cláuton musicou o sábado e eu o estou poetizando.
Hoje é sexta, amanhã é sábado e depois vem logo o domingo.
Hoje é o dia da mentira e da cerveja, amanhã do presente,
Do casamento e de encontrar os amigos, de curtir um violão
E uma poesia na brasa, sô!



"Não há nada como o tempo passar e
Amanhã, certamente, chegar.
Todos os bares estarão repletos de homens vazios
Todos os namorados estão de mãos entrelaçadas,
Todos os maridos estão funcionando regularmente, tomara...
Haverá um renovar-se de esperanças,
Porque amanhã é sábado.


                          Haverá adolescências seminuas,
Haverá damas de todas as classes,
Haverá um beber sem contar
Haverá uma mulher dentro de um homem.
Porque amanhã é sábado".
("Vinicius de Moraes")
Ó Sexto Dia da Criação!