quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Tragédia de Santa Maria




Publicado às páginas 135 do meu livro ANTOLOGIA EM PROSA & VERSO






Estava em BH quando tudo aconteceu
Fernandina, eu e Godô auxiliando meu primogênito Cláuton

Que estava se mudando de Ap para o mesmo bairro Buritis
Márlon e família nos preparativos para voltarem a Miami.

Foi quando vi pela TV o tamanho da tragédia de Sta. Maria
Chorei, fiquei engasgado e encrespado
Daquela fumaça tão negra e tão nefasta
Nem as tempestades mais mórbidas e elétricas queriam sua companhia
Seguiam avulsas como uma página arrancada do mapa
O céu foi corrompido, o azul se tornou cinza.

Sempre que entrava em lugares assim fechados
Pensava como sair dali em caso de incêndio, de emergência
O fogo e a fumaça não pedem licença e nem desculpas.

Todos morremos um pouco 
Sufocados pelo excesso de morte
Como acordar de novo? 

A sina era uma só e o medo vinha de todos os lados
Aqueles 250 adolescentes não acordarão de novo
Não terão mais o beijo de suas mães, pais e irmãos
Seus celulares ainda tocavam em seus peitos quando estendidos no chão
Seus donos estão eternamente no silêncio
As palavras perderam o sentido.

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